QUARENTENA. QUARESMA. OBEDIÊNCIA
Você já parou para se perguntar por que é tão difícil ser obediente? A
palavra obediência provém do latiam oboedire
e significa “escutar com atenção”. Logo, podemos pensar em duas possíveis
razões pelas quais temos muita dificuldade em obedecer. A primeira é que não
gostamos de escutar. É comum ouvirmos que “se conselho fosse bom não se dava,
se vendia”. Naturalmente, nós, humanos, temos uma convicção mesmo que implícita
de autossuficiência. No entanto, o quão suficiente somos se para nascermos
precisamos do “sopro Divino” para que tenhamos vida (Gn 2.8), para aprender a
andar precisamos dos auxílios dos pais e familiares, para falar, ler, escrever
? A segunda razão é que na maioria das vezes não damos a devida atenção ao que
nos é ensinado.
Eu, em meus poucos anos de vida nunca tinha visto algo parecido com o
que estamos vivendo. Sempre que estou estudando história me deparo com os
grandes problemas que já foram enfrentados pela humanidade e penso estar
anos-luz de distância daquela realidade, mas minha própria realidade me mostra
que não. Não estou. Não estamos. Contudo, fatores têm agravado sobremaneira os
problemas contemporâneos: a tensão causada pela vasta especulação nas redes
sociais; a facilidade de transmissão das doenças (independente da Covid-19),
devido ao fácil deslocamento através dos meios de transporte; banalização dos
preceitos éticos e morais em virtude do relativismo e por fim, e não menos
importante, o crescimento da ignorância – me refiro àquelas pessoas que não tem
o mínimo conhecimento em determinada área e mesmo assim acreditam estarem
certas de seus “achismos”.
Temos visto (e espero que aprendido também) a importância da obediência.
Para muitos ficar de quarenta representa diversão, bebida, festas. Para outros,
stress, crianças bagunçando a casa, mulher reclamando com o marido e
vice-versa. Entretanto, a quarentena é um convite à reclusão domiciliar para
que os médicos e as autoridades competentes possam tratar o problema que
estamos enfrentando. Além disso, é um convite ao estudo para que deixemos de
“achismos”; convite ao autoconhecimento a fim de que repensemos nossos
princípios éticos e morais; convite à reflexão do quanto somos dependentes uns
dos outros, e todos, da misericórdia do Criador, Deus. Especialmente nestes
dias em que a quarentena coincidiu com a quaresma, vamos nos reservar a
momentos de solitude – momentos a sós.
Cristo, nas horas que antecederam a crucificação reservou-se em oração
porque sabia o quão difícil seria suportar a cruz – não apenas a de madeira –
mas, a de nossos pecados. Assemelhando-se a nós em sua humanidade, Cristo
sentiu-se só, teve sede. Enfrentou a cruz e venceu a dor da coroa de espinhos,
dos cravos e, por fim, a morte. Por esta razão, podemos em Cristo encontrar a
força necessária para enfrentarmos o que vier – até a própria morte (Jo 16.33).
Torno a perguntar: quão autossuficientes somos?
Sendo assim, escutemos com atenção as orientações que estão sendo
passadas para que possamos preservar nossa vida e a de nossa família. Do mesmo
modo, nos voltemos à Escritura. É tempo de obedecer – sempre é tempo de fazer
isso – e agora, ainda mais.
Que Deus nos ajude a vencer o medo, a insegurança, a ansiedade, o
stress, a ignorância, a angústia, a solidão. (Sl 23.4; Rm 8.37).
Pax Christi, Rafael Mota
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